SABÃO
DE COCO
Militão era cadete da
Polícia Militar do Amazonas. Pertencia ao meu pelotão. Tinha 1,58m de altura.
Chamava a atenção por isso, já que a altura mínima para fazer o curso para
oficiais da PM, normalmente era de 1,70m.
No dia em que o tenente
Catalano iria falar conosco, no Estudo Noturno Obrigatório (período em que
ficávamos de 20 as 21:00h na sala de aula), aproveitou para determinar que cada
aluno levasse uma barra de sabão de coco, que serviria para lavar as patas dos
cavalos que os próprios cadetes utilizariam, na instrução de Policiamento a
Cavalo, no picadeiro da Academia de Polícia Militar do Barro Branco, no dia
seguinte.
Como Militão tinha esquecido
a sua barra de sabão no alojamento, solicitou autorização ao tenente para
buscá-la em seu armário.
Na volta, Militão passou
próximo à barbearia, onde alguns alunos do Segundo Ano cortavam o cabelo. Um
dos alunos perguntou ao cadete Militão:
- O que é isso aí, bicho?
- É sabão de coco! –
respondeu, de pronto, o amazonense.
- Ah, é de coco, é?
- Sim, senhor!
- Então, prova que eu quero
ver! – disse o segundanista ao cadete do Amazonas.
Militão não contou conversa.
Mordeu a barra de sabão. Os alunos que estavam às proximidades da barbearia
deram uma sonora gargalhada.
Mas, eis que Militão se
dirigiu à sala de aula, onde estava o tenente Catalano, que logo percebeu
marcas de dentes no sabão.
- Que foi isso, rapaz? Andou
mordendo o sabão?
- Eu comi um pedaço do
sabão! – respondeu Militão.
- Mas, como?
- Cumpri ordem dos alunos do
Segundo Ano, lá na barbearia!
Foi o suficiente para o
oficial se dirigir à barbearia e anotar o nome de todos os que encontravam lá.
Como ninguém se apresentou como o autor da ordem ao cadete Militão, todos
ficaram detidos.
Ora, como é que eles não
queriam ser denunciados? Mandaram o cadete morder sabão e aí o amazonense chegou
à sala de aula com cara de quem comeu e não gostou.
Perguntado ao Militão por
que denunciou os alunos do Segundo Ano, ele justificou:
- Foi sem querer. A boca estava
lisa. Escapuliu!
Extraído do livro A CASERNA FORA DO SÉRIO: O LADO CÔMICO DA VIDA POLICIAL.
Nenhum comentário:
Postar um comentário