horas e minutos. Olá, seja bem-vind@! .

27 janeiro 2015

SÓ DEUS SABE

O curso em Paudalho reservou momentos especiais. Uma atividade que se dava às 21 horas era a Chamada do Pernoite. Entrávamos em forma. Pelotões perfilados, do Primeiro ao Terceiro Ano do Curso de Formação de Oficiais. Na verdade, era uma espécie de chamada só pra ver se estava todo mundo no quartel, à noite. Oportunidade que os oficiais tinham de sacanear com a gente mais uma vez no dia. E foi num (mal)dito pernoite de domingo que o tenente, oficial-de-dia, sentiu a falta de um integrante do curso. O paraibano Jorge não estava perfilado conosco naquele momento. O tenente chamou o xerife da turma e perguntou, no bom sotaque pernambucano:
- Cadê Jorge?
- Sei não, tenente! Só Deus sabe! – respondeu o xerife.
- Ah, é? Então faça o seguinte: vá lá pra frente da turma e pergunte a Deus onde está Jorge! – recomendou o tenente.
O xerife não contou conversa. Foi lá pra frente de todo mundo e começou a rezar, sob o olhar de cada companheiro e entre risos contidos daqueles que estavam em forma, imóveis e que não podiam soltar a gargalhada (em que pese a vontade). Cena engraçada aquela do chefe de turma, olhando pra cima, talvez a inspirar-se na lua cheia que iluminava Paudalho para poder dar uma resposta ao tenente. O oficial-de-dia continuava a transmitir as suas ordens à tropa. Aliás, em Paudalho quando o oficial bradava as ordens, parecia que estava fazendo ameaças. Eram ameaças ao nosso fim-de-semana. Depois de dez minutos de ameaças, digo, de ordens, o tenente voltou-se para o xerife, na busca da resposta sobre o paradeiro de Jorge.
- Xerife, então, perguntou a Deus sobre o destino de Jorge?
- Perguntei, sim, senhor!
- E o que foi que Deus disse?
- Que Jorge tá na Paraíba, senhor tenente!

Nenhum comentário:

Postar um comentário